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As Faces do Oculto: A História dos Papas do Ghost

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Com suas máscaras enigmáticas e personagens icônicos, o Ghost construiu uma das mitologias mais fascinantes do rock moderno. Nesta reportagem, revisitamos a história dos diferentes Papas que já lideraram a banda no palco, revelando simbolismos, polêmicas e a evolução dessa identidade sombria que conquistou fãs no mundo todo.

Desde sua formação em 2006, a banda sueca Ghost chamou a atenção do mundo não apenas pela sonoridade única que mistura heavy metal, hard rock e melodias pop, mas também por sua estética teatral e misteriosa. Diferente da maioria das bandas de rock e metal, o Ghost sempre buscou criar uma atmosfera de espetáculo, onde a música se une a uma narrativa sombria e satírica. No centro dessa encenação está a figura do Papa Emeritus, um personagem que se reinventa a cada era do grupo e que funciona como a personificação do culto profano que a banda apresenta em seus álbuns e turnês.

A ideia de criar diferentes “Papas” partiu do líder e fundador da banda, Tobias Forge, que sempre quis transformar o Ghost em uma experiência multimídia, unindo música, performance e crítica social. Inspirado tanto pelo rock teatral de bandas como Kiss e Alice Cooper, quanto pela iconografia religiosa católica, Forge criou a figura de um Papa satânico que lidera sua congregação musical. Cada versão desse personagem traz uma personalidade, um visual e um simbolismo próprio, representando também as diferentes fases artísticas e musicais do Ghost ao longo dos anos.

As Faces do Oculto: A História dos Papas do Ghost

Jan Brauer, via Wikimedia Commons.

A Linha Sucessória dos Papas do Ghost

O primeiro a surgir foi o Papa Emeritus I, que deu voz ao álbum Opus Eponymous (2010). Ele era apresentado como um líder misterioso e sombrio, vestido com batinas pretas e prateadas, usando maquiagem de caveira e uma mitra papal. Sua chegada representava o nascimento do culto do Ghost, um início marcado pelo som mais pesado e voltado ao doom metal. Logo após, em 2013, o personagem foi substituído pelo Papa Emeritus II, mais imponente e extravagante, com roupas em vermelho e dourado. Essa segunda encarnação trouxe uma fase de crescimento da banda, destacada pelo álbum Infestissumam, que expandi

Em 2015, durante a era Meliora, surgiu o Papa Emeritus III, um Papa mais jovem, vaidoso e carismático, simbolizando a ascensão do Ghost ao estrelato mundial. Foi nessa fase que a banda conquistou o Grammy com a música Cirice, consolidando-se como um dos grandes nomes do metal moderno. Após esse auge, Tobias introduziu um novo elemento à narrativa: o Papa Nihil, uma figura mais velha e decadente, apresentada como o “Papa original” que abençoava os sucessores. Ele aparecia em shows para legitimar a sucessão, adicionando ainda mais profundidade ao mito construído pela banda.

Em 2018, o ciclo mudou com a chegada do Cardinal Copia, personagem que se diferenciava dos demais por não ser um Papa de início, mas sim um cardeal em treinamento. Com roupas escuras e uma aparência mais simples, Copia representava a ideia de evolução e aprendizado. Aos poucos, durante a turnê de Prequelle, os fãs acompanharam sua jornada até ser promovido oficialmente a Papa, em um dos momentos mais marcantes da narrativa do Ghost. Essa transição mostrou como Tobias Forge sabia manipular a expectativa do público, transformando a mudança de personagens em um verdadeiro espetáculo dentro do esp

Atualmente, o trono é ocupado pelo Papa Emeritus IV, a versão mais recente apresentada em 2020 e responsável por liderar a era Impera. Com uma estética que mistura elementos modernos e tradicionais, o Papa IV representa a maturidade e a consolidação da banda como um fenômeno global. Tobias Forge já afirmou que essa tradição deve continuar, mantendo a mitologia dos Papas como parte essencial da identidade do Ghost. Essa sucessão ritualística, que mistura sátira, crítica religiosa e teatralidade, tornou-se não apenas um diferencial estético, mas também um dos fatores que explicam por que o Ghost